13/07/2007




O caipira e o bacalhau

Aquela sexta-feira de sol brilhante na cidade do cacau. Marcou. Eu também esperava minha vez na fila do restaurante quando vi aquele senhor aparentando ser um caipira...
A senha já estava amassada, passeando da mão suada para o bolso da calça boca de sino jeans, do bolso da calça para mão. E eu só de cá analisando como a ansiedade dele crescia, por um momento desejei a presença do amigo George Mendes ali comigo para tão somente chegar a um consenso se o aumento daquela inquietação era em P.A ou P.G. infelizmente o matemático não estava ali para solucionar essa dúvida. (sim, mas voltemos ao o que interessa).
Ele estava sozinho.
A agonia era tanta que a ultima vez que aquele senhor olhara as horas no relógio, dourado e bufão, tinha pouco menos que um minuto e assim crescia sua insatisfação a qual se tornava notória e ao mesmo tempo eu já receoso com medo de alguém estar observando a minha observação.
Eu como curioso fiz valer a minha reputação, aproximei dele e a complementei:
- Olá, bom dia.
- Dia moço.
Logo tirei a duvida de que ele era caipira.
- O senhor vem sempre nesse restaurante?
- Não, moço pra falara verdade é a primeira vez que venho nessa cidade grande, eu moro na roça e lá não tem restaurante.
- E o senhor já sabe qual o cardápio que vai escolher?
- Sei, sim. Eu ouço muito num prato estrangeiro, dizem que é melhor do que viagra. É um tal de bacalhau.
- Sei, é muito bom mesmo esse peixe, mas o bom é a cabeça dele. Levanta até defunto, meu avô que o diga. Ele vem sempre aqui.
E eu sair dali pensando como seria a decepção daquele caipira por não achar a cabeça do bacalhau.
Ora pôs pôs, e você já viu a cabeça do bacalhau?

Rafael Almeida Teixeira, Itabuna-BA 07.07.07
 

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